sábado, fevereiro 19, 2011

Smooth Revolutionaries

A presente onda de revoltas no Norte da África e Península Arábica tem recebido o nome de Revolução de Jasmim. Lembrando rapidamente de alguns eventos ao final do Século XX, lembro-me de outras "revoluções" de nomes bastante curiosos como a Revolução dos Cravos em Portugal nos anos 70 e a Revolução de Veludo, na antiga Tchecoslováquia. Tais nomes não deixam de mostrar um pouco da atipicidade dessas revoluções.
A Revolução de Veludo, levantada principalmente pelos tchecos liderados por Vaclav Havel contra os mais pobres e "atrasados" eslovacos, aconteceu sem que fosse dado um único tiro. Os eslovacos, por questões religiosas e de orgulho nacional, acolheram de bom grado a proposta tcheca, ajudando assim a dar origem a dois países bastante prósperos do Leste Europeu.

A Revolução dos Cravos, por outro lado, foi uma das primeiras Revoluções com grande apoio militar de esquerda. Os militares portugueses, esgotados de uma luta que acreditavam, corretamente, ser totalmente anacrônica. Levou Portugal a tentar com sucesso a posterior entrada na Comunidade Europeia, que deixou o país mais rico, ainda que abaixo da maioria dos outros membros.

A Revolução de Jasmim atual tem como grande curiosidade seu epicentro, a Tunísia. O pequeno país cartaginês era olhado com certo respeito e admiração pela comunidade ocidental, um quase exemplo para o Mundo Árabe em geral. Desemprego galopante entre os jovens e falta de liberdade não são novidades tão grandes, especialmente na região abordada.
Posteriormente, a revolução se estendeu ao Egito, outro país que contava com simpatia de um bom número de regimes ocidentais. Em um país com merecida fama de centro intelectual do islã, a surpresa não foi tão grande, a não ser no aspecto curioso da pequena influência fundamentalista. Mubarak resistiu por um bom tempo, mas acabou se curvando aos crescentes protestos, que inclusive o alienaram de seus aliados americanos.

Agora vemos o Bahrein, um reino especialmente rico em petróleo e com uma população que, por quaisquer padrões econômicos, vive bem, enfrentar revoltas. Mais uma vez por liberdade. Mesmo motivo que parece ser o estopim dos distúrbios na Líbia do interminável Ghadaffi (outro país com um nível de vida bem razoável em aspectos econômicos, graças ao petróleo). Torçamos para que nomes curiosos para revoluções pacíficas/consensuais ou legítimas continuem a pulular pelo mundo.

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