segunda-feira, setembro 26, 2005

Estereótipos

Ontem, se concretizou um fato que todos esperavam: Fernando Alonso foi campeão do mundo de Fórmula 1. A vitória do asturiano, de apenas 24 anos vem corroborar com meu ponto de vista que estereótipos estão aí cada vez mais para serem quebrados.

Inicialmente, usemos apenas a Fórmula 1: Alonso é espanhol (latino), tem 24 anos, cabelos sempre desgrenhados. Raikkonen, finlandês, 26 anos, cabelos arrumados. São os dois personagens do campeonato.

Enquanto os estereótipos nos levariam a pensar que Alonso ganhou por seu sangue quente, garra, ousadia. Que o finlandês perdeu por sua frieza, falta de criatividade, extrema falta de emoção. No caso dos dois, entretanto, era como se os protagonistas fossem, segundo paradigmas estereotipados, almas em corpos errados.

Raikkonen demonstrou ao longo da temporada ser o mais técnico e ousado piloto da nova geração, protagonizando alguns dos mais belos momentos da temporada em suas corridas de recuperação. Mostrou enorme poder de reação e muita garra, ainda que nem sempre transparecesse suas emoções quando no pódio. Lembra Ayrton Senna em alguns aspectos, especialmente por sua velocidade em treinos.

Já Alonso, apesar de se mostrar muito regular, não é tão rápido como Raikkonen (suas apenas 4 poles demonstram isso claramente). É mais frio em pista, entregando posições que não julga necessárias para a conquista do objetivo maior: o Campeonato Mundial. Lembra bastante Alain Prost, o professor, conhecido por sua frieza e regularidade incríveis, que o levaram a 4 títulos mundiais (um deles, em 1989, sobre um Ayrton Senna que em muitas coisas se assemelhava a Raikkonen e era chamado de mágico).

Cabe lembrar que há muitas diferenças entre Senna e Raikkonen e também entre Prost e Alonso. Há diferenças entre as eras também.

A motivação do post, entretanto, é o uso de estereótipos. Raikkonen e Alonso vão contra seus estereótipos de finlandês frio e espanhol emotivo. Galvão Bueno erra se sua intenção ao chamar Raikkonen de homem de gelo é passar uma visão de frieza.

Entretanto, nem só com os dois pode se exemplificar o erro de certos estereótipos que costumamos levar em conta. Não raro vemos jovens serem muito mais maduros que gente mais velha, homens serem muito mais sensíveis que mulheres, alunos ensinando professores.

Estereótipos muitas vezes acabam levando a mais que uma previsão errada do comportamento de outra pessoa. O preconceito, em diversas oportunidades, nos leva a perder chances, inclusive de relacionamento. Ao achar que uma pessoa mais velha ou mais nova não serve, por exemplo: há uma grande carga de preconceito. Pensar no que os outros vão pensar com base nesse estereótipo, uma pena.

Isso me faz pensar na quantidade de chances que não só uma pessoa, mas até um país pode perder por estereotipar (por exemplo, político é tudo corrupto). Gostaria de saber como seria a vida sem estereótipos.