terça-feira, setembro 09, 2008

Desobediência Civil

No último fim de semana, Felipe Massa venceu o Grande Prêmio da Bélgica, disputado no circuito de Spa Francochamps, preferido da esmagadora maioria dos pilotos pela variedade de seu percurso de pouco mais de 7 kilômetros de extensão. Até aí muito bom, muito legal, mesmo porque faz alguns brasileiros acima dos 20 anos (como eu) recordarem-se das grandes exibições de Ayrton Senna, vencedor de 5 corridas nas Ardenas.

Entretanto, o que mais chamou a atenção foi a punição a Lewis Hamilton, vencedor da prova "na pista", em conseqüência de bela ultrapassagem sobre Kimi Raikkonen. Após ter cortado caminho na curva bus-stop para não colidir com o finlandês, Hamilton deixou o rival ultrapassá-lo para, na curva seguinte, a lenta la Source, aplicar um lindíssimo drible e recuperar a ponta. Por uma interpretação teleológica do regulamento, seria possível concluir que o resultado na pista seria o final. Entretanto, a intepretação gramatical do estatuto esportivo da FIA corrobora com a visão dos fiscais de prova, que deduziram 25 segundos do tempo final de Hamilton.

Estou longe de ser um fã de Hamilton, um piloto superestimado e que nunca precisou pastar numa equipe pequena da Formula 1 antes de estar na McLaren, sempre uma potência. Mas dessa vez, creio que a lei funcionou para limar a ousadia tão procurada nos últimos anos pela categoria. Isso serve para provar que nem só o Brasil vive de anacronismos legais. Até mesmo a federação reguladora de um esporte composto em sua maioria por gente endinheirada e esclarecida acaba pecando algumas vezes por querer abraçar todos os cenários possíveis e imagináveis com seus parcos textos legais. Leis estão aí de vez em quando para serem desobedecidas.

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