quinta-feira, dezembro 31, 2009

Pra Frente Brasil

Eis-me aqui aproveitando um pouco do ócio do último dia do ano para destilar um pouco do meu ceticismo habitual.
Tem sido solta aos quatro ventos uma propaganda disfarçada de patriótica de que o brasil se encontra avançando em passos largos para o desenvolvimento.
Esse oba-oba não é novidade na história. O hoje tão demonizado governo Médici (creio que o mais demonizado dentre os militares) gozou de uma popularidade assombrosa diante do que se chamou "milagre brasileiro", período em que tivemos crescimento econômico a uma taxa anual médio superior a 9% ao ano (nota: o crescimento esperado para o presente ano é ZERO).
Em termos pragmáticos, e em curto prazo, afora a (hoje superestimada) perseguição aos "subversivos", durante aquele período tivemos uma experiência de pleno emprego. O próprio presidente Lula, no livro Memória Viva do Regime Militar. Brasil: 1964-1985, Editora Record, 1999 (autor: Ronaldo Costa Couto) afirmou que "naquela época, se tivesse eleições diretas, o Médici ganhava. (...) Era uma época em que a gente trocava de emprego na hora que a gente queria. Tinha empresa que colocava perua para roubar empregado de outra empresa". A médio prazo, como se verificou, o crescimento não se sustentou.
A questão de distribuição de renda realmente melhorou nos últimos anos, mas o Brasil continua a apresentar mais problemas que soluções. O fato de termos petróleo (cuja extração será custosa e somente será realmente interessante quando as reservas em locais menos inóspitos minguar) não significa grande coisa. Poucos países petrolíferos são realmente desenvolvidos (na minha cabeça vem que na maioria são ditaduras islâmicas ou chavistas, com um povo, em geral, miserável).
Temos carga tributária escandinava, juros bancários absurdos, gargalos terríveis nos sistemas de exportação e serviços públicos patéticos (mesmo os concessionados). Não vejo as soluçoes serem tomadas - ou sequer apresentadas - e, inexoravelmente chego à conclusão de que teremos desilução semelhante à que tivemos com o "milagre brasileiro".
Espero que eu esteja errado. E Feliz Ano Novo a todos.

Marcadores: , ,

terça-feira, dezembro 22, 2009

Tentando organizar um ano em palavras

Tá, eu sei que é repetitivo, eu sei que é piegas, mas não podia deixar de fazer um resumo desse ano. Um ano que valeu por mais que isso, pelo menos no tocante ao aprendizado de vida em geral.

Qualquer leitor um tanto mais assíduo pode constatar que eu sou um cara imaturo, mesmo levando em conta minha idade (ainda não tenho 25 anos, sou um adolescente funcional, pois). Mas vamos aos fatos e levarei em conta minha vida pessoal - tá, isso pode ser coisa de adolescente chata que gosta de boy band - não o que aconteceu no mundo como um todo como em outros anos. Sinto muito, mas me sinto constrangido e têm publicações por aí que fazem com muito mais competência. Tentem a The Economist especial de fim de ano.

Me formei em Direito. Sem levar em conta milhares de eventos da Formatura, que aproveitei bastante, diga-se, me formei sem saber muito mais do que sabia de Direito quando entrei na faculdade, longínquos 6 anos atrás. Aprendi algumas outras coisas como não beber desgovernadamente (os porres diminuiram em quantidade esse ano), controlar um pouco melhor minhas emoções (apesar de não ter tido coragem de chegar junto da mulher que mais me fascinou esse ano) e, por que não mencionar, a separar melhor conhecidos de amigos.

Eu nunca tive muitos amigos próximos, desde pequeno. Não sei exatamente o porquê disso, mas provavelmente está ligado a algum tipo de insegurança. Nunca fui introspectivo, pelo contrário, mas pouquíssimos me conhecem, podendo realmente serem chamados de amigos. Uma consequência legal disso é minha falta de permanência em panelas. Sempre circulei, nunca gostei de ficar parado com só um tipo de pessoa. Já fui acusado algumas vezes de ser mercenário nesse aspecto e de não aprofundar qualquer tipo de relacionamento que tenho.

A primeira assertiva eu sei que é falsa, ainda que, por vezes, tenha considerado que podia ser verdadeira. A segunda, é parcialmente verdadeira. Eu realmente não gosto de aprofundar a maioria das relações que eu tenho (inclusive com mulheres), talvez porque, em algumas tentativas de fazer isso, tenha quebrado a cara direitinho. Dito isso, eu continuo gostando de conhecer as pessoas, mas não creio estar preparado pra ser amigo da maioria delas. Não por culpa delas. A culpa não é de ninguém. Eu simplesmente não vou fazer coisas que vão contra meus princípios pra chamar alguém de amigo. Chamar é bem fácil, o complicado é ser.

Com mulher, eu ando aprendendo a aceitar melhor o papel de um cara no lugar certo numa noite qualquer e SÓ por essa noite qualquer. Esse ano eu passei razoavelmente longe de qualquer relacionamento pseudo-sério, com a provável exceção do começo do ano. E a garota do começo do ano conseguia a façanha de ser mais imatura que eu. Não era quem eu precisava. E não acho que eu seja quem ela precisava no momento também, mesmo sendo ela bonita, gostosa, tendo um papo razoável, etc. Tocando em miúdos, tendo 24 anos, se aparecer uma mulher que seja "a mulher" e eu conseguir identificar (ainda perco chances várias vezes), ótimo, tento levar a coisa adiante. Se não, um tanto de promiscuidade não faz mal na juventude de ninguém.

Outra coisa foi o aprofundamento de uma noção que eu já estava começando a ter ano passado. Eu não sei porra nenhuma de nada. Certo, eu me formei, sim, nos últimos dois anos eu colei bem menos e tirei notas bem mais altas que antes, mas não sei metade do que seria recomendável pra um bacharel de Direito. Não é só em Direito que eu sei que nada sei. Mesmo em assuntos que eu domino mais como História ou Geografia, meus estudos recentes visando à prova de ingresso no Instituto Rio Branco tem me demonstrado que eu ainda sei muito pouco. E isso é natural. O Hobsbawm ou o Milton Santos manja pra cacete de História e Geografia não apenas por estudarem os assuntos, mas também porque o fizeram por muito tempo e têm mentes privilegiadas para guardar e associar informações. Quem sabe um dia eu chego lá? Por enquanto, fico feliz sendo um especialista em variedades que tenta usar bem o pouco que sabe.

Marcadores: , ,