segunda-feira, novembro 17, 2008

Sobre Genis e legisladores


A moda do momento é culpar o neoliberalismo. Para tudo. Queria descobrir se há uma obra que tenha dado ignição ao tal neoliberalismo, como fora o Capital, de Karl Marx, para o socialismo. Acabo de descobrir, enquanto escrevo esse texto, que nem o corretor ortográfico do Word reconhece a palavra neoliberalismo. C.Q.D. Nem os acusados de serem neoliberais professam o mesmo. Recusam o rótulo. Mas ele está aí, no nosso dia-a-dia, sendo culpado das mais diversas canalhices. É outra estratégica dialética: como ninguém sabe direito o que é o neoliberalismo, fica difícil contestar. A próxima vez que você, leitor, estiver numa galeria de arte, e não gostar de algum quadro, diga à pessoa que estiver ao seu lado que é culpa do neoliberalismo. É um instituto que aceita a culpa, não se defende e nem reage. O neoliberalismo é um saco sem fundo de porcaria.

Sexta feira, saindo de uma audiência, tive de dividir o elevador com o advogado do réu. Ele estava comentando sobre as falhas da delação premiada, ou traição benéfica. Eu retruquei que se tratava de um instituto que precisava, na nossa lei, de um mínimo de consolidação. Há pelo menos três diplomas legais diferentes, esparsos, que tratam de maneira totalmente diferente a matéria. O advogado então disse o seguinte: "sabe que estava lendo um autor francês outro dia e ele dizia que isso também ocorria na França. É uma característica do neoliberalismo".
Educadamente, disse-lhe que essa era uma falha dos nossos legisladores, que legislam sem consolidar absolutamente nada. A título de exemplo: nosso Código Civil de 2002 entrou em vigor, depois de cerca de 30 anos de trâmite, contendo artigos que fazem remissão a outros artigos que foram, durante o trâmite, renumerados. A recente reforma do Código de Processo Penal, por seu turno, agora prevê dois recebimentos da denúncia pelo juiz... É culpa do neoliberalismo?
Digo que não. Para mim, cada comissão do Congresso deveria ter um Roberto Justus que, a cada trapalhada desse naipe, diria: "Você está demitido".
Fico a imaginar épocas em que nossos políticos eram juristas do calibre de Rui Barbosa, Tobias Barreto, etc. Hoje, para ser eleito, deve o político ter um quê de pop star (vide Clodovil, Frank Aguiar, e por aí vai). Fato é que não precisa ter a mínima noção de leis e Direito para fazer leis e direito.

Já que está tão na moda as cotas, poder-se-ia fazer uma cota de bacharéis em Direito no Congresso. E, para os demais, uma matrícula automática num curso intensivo de Direito da UnB, a durar no mínimo metade do mandato, e com frequência obrigatória. Mas isso vai contra os interesses privados dos próprios parlamentares, então, medidas como essa não sairão jamais.

E, enquanto isso, continuemos a jogar bosta na Geni.

quarta-feira, novembro 12, 2008

Brenar ou não brenar, eis a questão.

Voltei a trabalhar em escritório esse mês. Com a rotina, tendem a surgir menos idéias. Entretanto, como o ritmo anda razoavelmente fraco aqui no trabalho, resolvi escrever algo pra passar o tempo.
Poderia escrever sobre a eleição do Husain Obama nos EUA, sobre a última corrida de Formula 1 da temporada ou sobre como eu fico de mau humor e tenho vontade de acabar com tudo (a começar pela comida na geladeira) quando estou de regime. Mas escreverei sobre algo que vale a pena. E toda coisa que vale a pena ser contada envolve mulheres.

Um amigo meu é platonicamente apaixonado por uma outra colega nossa. Pois bem. Um dia desses o cara teve a chance de fazer a coisa deixar de ser meramente platônica e entabular uma jogada. A mina tava breaca (ele também, diga-se de passagem) e, como já há uma simpatia mútua, a chance de rolar alguma coisa era bem razoável. Pois bem, mesmo bêbado meu amigo não criou colhão pra chegar junto. Não está aqui em discussão o significado da brenada (ato de pegar mina breaca). Ele gosta da garota e, na minha concepção, a chance era boa. E provavelmente ela não iria ficar chateada com um galanteio, uma vez que vai com a cara so sujeito e ele não seria desrespeitoso.
Meu amigo se auto-sabotou, coisa comum nesse tipo de situação e que aconteceu comigo também em algumas ocasiões, apesar de hoje eu, MUUUUUUUUUUUUITO mais experiente e maduro, não deixar passar mais tantas chances. Afinal, se a garota ficou breaca, assumiu o risco de ser vítima de uma brenada e isso não é problema meu.
Alguém consegue me explicar essa sabotagem de não realizar o próprio desejo quando a oportunidade aparece? Acho que, como diria Freud, tudo se resume, no fim, a sexo...

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sábado, novembro 08, 2008

Direita e esquerda

É engraçado como esquerda virou sinônimo de tudo que é bom atualmente.

De um modo imediato, a esquerda é o lado ruim da maioria das pessoas (a mim inclusive, inábil a desenhar uma casinha com a mão canhota). Sei que é o lado direito do cérebro a controlar o esquerdo, mas essa é uma relação muito mediata para o interlocutor comum. A verdade é que a dicotomia esquerda-direita (no sentido político, evidentemente) é uma classificação hoje inútil e que serve somente à dialética erística, ou seja, ao discurso desonesto.
Uma vez que está mais ou menos disseminado na população que ser de esquerda é ser bom, classificar alguém como de "direita" passou a ser o que Schopenhauer, em sua essencial obra Eristik, denominou rótulo odioso, um dos estratagemas do debate desonesto. Assim falava o mestre alemão: "Um modo rápido e eliminar ou, ao menos, de tornar suspeita uma afirmação do adversário é reduzi-la a uma categoria geralmente destestada, ainda que a relação seja pouco rigorosa e tão só de vaga semelhança".

O socialista Norberto Bobbio chegou a definir o que seria esquerda. Para ele, a esquerda é definida por uma posição igualitarista, ou seja, "não como a utopia de uma sociedade em que todos são iguais em tudo, mas como tendência, de um lado, a exaltar mais o que faz os homens iguais do que o que os faz desiguais, e de outro, em termos práticos, a favorecer as políticas que objetivam tornar mais iguais os desiguais" ( Direita e Esquerda, 2ª ed., São Paulo, Unesp,2001, p. 125).

Se por um lado uma definição desse teor é honesta, pois sujeita o autor a críticas posteriores, a realização disso ao apagar das luzes da sua vida, e depois de passado o momento histórico em que essa dicotomia teve alguma relevância, serve para tirar de suas costas o peso daquilo com com o qual não quer ele ser associado. Quem já pensou que o nazismo (nacional socialismo) nada mais é do que uma adaptação mambembe do internacional socialismo no qual não é o operário que está em seu foco, mas sim uma etnia. E o que difere isso do socialismo bolivariano indigenista que está tão em voga (e em prática) atualmente? Penso que só muda o poderio militar e econômico daqueles que pregam tais políticas (vale dizer que, para mim, qualquer política de diferenciação mediante o uso de critérios étnicos é uma política perigosa. Mas fica para outro post essa questão).

Os setores autodeclarados esquerda têm cantando a todos os ventos a vitória de Obama nas eleições norte-americanas. Será que sabem eles que o partido democrata é um balaio de gatos que tem mais ligações com a KKK do que o partido republicano? Será que sabem eles que nos EUA existe um amplo leque de partidos REALMENTE socialistas (alguns dos chamados partidos independentes)? Será que sabem eles que um democrata, para o Brasil, é SEMPRE pior? Eles sabem. Mas é sempre útil passar a imagem da vitória.

sábado, novembro 01, 2008

Engraçadinho

"Fazer sexo é como andar de bicicleta. Você perde um pouco do controle com o tempo, mas no primeiro minuto percebe que a magia está lá."

Phoenix, em momento Nelson Rodrigues