quinta-feira, agosto 30, 2007

Nebulosa Esquerda

Hoje tento escrever aqui uma espécie de ensaio político. Sim, isso é pretensioso, eu não tenho bagagem de leitura suficiente para isso, etc.

Mas vamos lá. Estou numa faculdade na qual todo mundo gosta de ter opinião sobre quase tudo que se passa na terra, boa parcela da qual tende claramente a ter uma posição esquerdista caricata (digo caricata porque pretensamente acham que uma assembléia de meia dúzia de imbecis aqui pode decidir pela derrubada do capitalismo e da pax americana para o mundo inteiro).

Isso gera distorções bastante interessantes como: o Centro Acadêmico daqui, que deve defender primeiramente os alunos, já ter repugnado a invasão americana do Iraque e do Afeganistão, apoiado as FARC, Zapatistas e o caralho a quatro SEM CONSULTAR alunos, em anos de gestões que se dizem de esquerda. Semana passada, apoiaram um movimento dito-racial que invadiu a Faculdade (e não o CA) também sem consulta prévia aos alunos, a maioria dos quais era, como se concluiria mais tarde, contrária a quaisquer invasões ou ocupações.

Primeiramente comentando sobre Iraque, Afeganistão e movimentos esquerdalhosos em geral, não questiono o mérito destes. Acho MUITAS questões que esses movimentos levantam bastante pertinentes, justas e dou meu apoio INDIVIDUAL a elas. Acontece que um CA num país de terceiro mundo, ainda que seja o CA mais importante dessa República, não tem representatividade nenhuma para se colocar a favor de qualquer um dos lados de maneira efetiva, mesmo porque sua primeira função social é frente aos ALUNOS da instituição "Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo", obrigação essa que deixam de cumprir com alguma freqüência. Como podem vir me falar de uma função social mundial ou mesmo nacional uma vez que sua função social institucional se encontra claramente descumprida?

Esse é um ponto interessante. Historicamente, com louváveis excessões das quais cito a França de Miterrand, a esquerda alega que sua "ideologia" foi eleita pelo povo e que, uma vez no poder, faz o que bem entende, levando a situações biosonhas como a cubana, norte-coreana, chinesa continental, entre outras. A esquerda passa a constituir uma ditadura e foda-se quem teoricamente ela representa. Passa a ocorrer exatamente a mesma oligarquia que a esquerda fez tanto para substituir pela democracia, só que agora tudo bem, visto que a oligarquia são eles.

Isso vem ocorrendo com freqüência em pequena escala aqui na faculdade, mas há de se sublinhar que ocorre de maneira mais assídua em diversas nações, inclusive a mais populosa do mundo. O que me leva a pensar: como ainda tem a esquerda a pachorra de se utilizar de matizes ultra-democráticos em suas campanhas se é ela mesma a primeira a desrespeitar a democracia e as regras do jogo (como assembléias gerais extraordinárias no caso da Faculdade ou uma eleição "a nível de" nações)?

Por isso alerto especialmente meus leitores mais jovens, que ainda não presenciaram tal substituição de valores da esquerda em volume que possa trazer um esclarecimento maior: Tomem cuidado com aqueles que conclamam a cada eleição que são democratas e o quanto é importante sua opinião para a democracia. São esses os mesmos que irão desprezar cada vez mais a maioria dos indivíduos por uma "ideologia".