segunda-feira, fevereiro 26, 2007

We care a lot!

A música acima é do Faith No More, caso os senhores e senhoras não a reconheçam. É uma música meia boca de uma ótima banda (para quem não conhece, indico Epic ou From Out Of Nowhere para começar).

Mas meu assunto não é a excelente banda de, entre outros, Michael Patton e Courtney Love, mas sim a incapacidade do ser humano de deixar de se importar com algumas coisas.

Uma das grandes lições do budismo, pelo pouco (apesar de crescendo bastante) que conheço dessa doutrina, é sentir compaixão por terceiros sem deixar isso te corroer. Adendo que compaixão tem um significado um tanto mais amplo que o comum que é praticamente um sinônimo para misericórdia. Entretanto, apesar de livros não falarem nisso, o Nirvana pregado pelos Budistas é realmente complicado de alcançar...e a lição do se preocupar sem se preocupar é realmente complicada de ser aprendida, especialmente, quando, como eu, a pessoa é um reconhecido Slow Learner em termos sentimentais.

Como já desenvolvido aqui anteriormente, eu não sou uma pessoa que se apega fácil aos outros, pelo contrário. Talvez por sempre tentar ser simpático eu possa passar essa impressão...que está razoavelmente distante da realidade. Tem umas 8, talvez 9 pessoas que realmente me despertam sentimentos dessa "compaixão budista". E, cabe frisar, eu acabo sofrendo muito no processo (qualquer um que sabe o esquema do meu último namoro sabe disso).

Pois bem, não sou o único. Acho que essa iluminação é para poucos. Matar fantasmas sempre foi uma coisa complicada (mesmo porque eles já estão mortos mesmo - duh)... mas quando é um fantasma importante para você...bom, eu tenho que concordar que nesses casos o filme Ghost, querido por 11 entre 10 pessoas "sensíveis" faz um certo sentido. Nossos queridos fantasmas sempre voltarão...para mostrar que há muita coisa que o tempo não apaga.

domingo, fevereiro 18, 2007

Todo Carnaval Tem Seu Fim

"Deixa eu brincar de ser feliz
Deixa eu pintar o meu nariz"
Los Hermanos - Todo Carnaval Tem Seu Fim

Carnaval. Suor, samba, caipirinha em quantidades absurdas e gringas "bronzeadas" dando o ar da graça na Sapucaí. Ah, nada é tão brasileiro quanto o herdeiro da festa portuguesa do Entrudo.
Que suor, música animada e álcool são combustíveis de praticamente todas as nações da zona Intratropical do planeta terra. O que eu acho estranho é a pouca popularidade desse tipo de festa no resto do mundo. Talvez com a exceção de Veneza e Colônia, na Alemanha, o Carnaval é parcamente comemorado. No "Primeiro Mundo" se comemora simplesmente o verão, com muito álcool e com gringas igualmente "bronzeadas". O legal é que cada vez mais o exterior se identifica com essa imagem "samba, suor e turismo sexual" passada pelo Brasil. Sendo que essa não é exatamente a imagem que queremos gozar mundo afora.

Depois do carnaval, depois de embebedar milhões de alemoas, escandinavas, croatas, cloacas e o que o valha, o ano realmente "começa" no Brasil. E o Brasil fora das quatro linhas de futebol termina para boa parte do mundo. Ou seja, quando nós começamos "para nós mesmos", estamos mortos por mais ou menos um ano para o resto...trágico? Não, sempre acreditei que é mais fácil crescer sendo subestimado...mas acaba aqui minha divagação político-filosófica.

O mais interessante do carnaval num aspecto puramente subjetivo é que as pessoas, em grande parte, aproveitam para viver seus sonhos (especialmente, mas não somente sexuais) mais selvagens nesta época. E isso dá bastante assunto para qualquer um. Desde o lugar-comum daquele que quer ir prum Carnaval de rua em algum rincão das Minas Gerais ou num Carnaval em Salvador. Até aquele que sabe que a "puliça" dá uma amansada nessa época e quer acelerar mais um carro (para ser politicamente correto, usemos uma contravenção, não um crime).

Pois bem, isso dá assunto para boa parte do ano. O pega-ninguém que se dá bem na sacanagem conta os espólios da Guerra, o pretendente a Ayrton Senna se gaba dos cavalos de pau e do 0 a 100 inesquecíveis que fez nesta época e até o temente a Deus se vangloria de como foi salutar aquele retiro espiritual.

Mas isso tudo acaba! E acaba muitas vezes por uma impossibilidade de se viver em sociedade na Tony Montana Way of Life (quem não viu Scarface com o Al Pacino, se faça um favor e alugue essa obra prima que mostra um cubano de meia idade que resolve viver seus sonhos mais selvagens sem interrupções na vulcânica Miami do início dos anos 80). Ninguém pode viver instintivamente 100% do tempo - poder até pode, mas se agüentar muito tempo assim, trata-se ou de alguém com MUITO poder ou de alguém com um Santo realmente prodigioso - talvez o Keith Richards seja um que viva o Carnaval 365,25 dias por ano.

O problema é só falar dessa época do ano. Carnaval acaba gente...e nós temos outros 360 dias por ano de vida. Não precisa viver com a faca nos dentes TODO dia. Mas ter histórias para contar sobre noites de inverno ou dias cinzentos de outono seguramente torna sua vida muito menos sacal que só lembrar daqueles 5 dias de pinga, caipirinha, Zeca Pagodinho e sambas-enredo. Será que eu mencionei a uruguaia que eu peguei uns carnavais atrás?