terça-feira, março 14, 2006

Sobre a insegurança, essa desconhecida!

"Ame a si mesmo antes de tentar amar aos outros"
"Sabedoria Popular"


Nesse fim de semana eu vi o filme "Alta Fidelidade", baseado em um livro homônimo que eu li não faz lá muito tempo. Tocando em miúdos, Rob, o personagem principal é, na definição dele um peso médio: não é o cara mais bonito, nem o mais feio. Não é muito esperto, mas definitivamente não é burro. Também tem uma saúde razoável e as finanças, apesar de apertadas, permitem uma certa independência. Ou seja, é uma razoável representação do ser humano médio, do meu ponto de vista.

Bem, o Rob dirige uma loja de discos meio estilo Galeria do Rock, com dois empregados malucos (o gordinho J. Black, conhecido por "Escola de Rock" sendo um cara muito engraçado) e está invariavelmente duro, mas sempre sobrevivendo muito melhor do que um mendigo por exemplo.

Ele tem até algum jeito para conquistar a mulherada. E também o talento de perder TODAS ELAS. Trintão, ele começa a se questionar sobre os motivos de suas perdas. O mais legal é checar que invariavelmente o motivo estava na insegurança das pessoas (talvez excetuando-se a primeira garota que ele beijou): uma namorada não transou com ele por não estar segura se isso era a coisa certa a se fazer naquele momento (e parece que ele forçou a barra de maneira errônea, porque não era mesmo, segundo a experiência posterior dela), uma outra deixou ele por ser "pouco glamouroso", caindo no esterno chavão de que um cara que é rico ou que anda como rico costuma se dar melhor com mulher.

E outro ponto interessante: ele sempre foi trocado por alguém. E fica inseguro quanto às próprias atitudes e performances sexuais comparadas às de seus sucessores. E isso atrapalha o dia-a-dia dele. Hum...já vi isso em algum lugar...

Quanto às últimas duas perdas do nosso Rob, é meio complicado analisar. Primeiro, após tomar uma bota por ser pouco glamuroso, ele começa um relacionamento razoavelmente longo com uma garota que tomou um pé na bunda no mesmo estilo. Num belo dia, ela deixa ele...possivelmente por ser insegura quanto a segurar ele (é a mais feia das garotas que ele fica, o que talvez justifique sentimentos auto-depreciativos por parte dela). Finalmente, a última mulher no filme e na opinião de qualquer um a mais marcante (Laura, por acaso, uma advogada), se sente meio insegura por vários motivos e acaba por deixar o personagem principal chupando o dedo por um vizinho (após o caso com o vizinho, ela vê que o Rob era um cara legal e volta pra ele).

Achei muito legal esse jeito disfarçado do Nick Hornby e do roteirista responsável por adaptar bem o livro às telas tratar da insegurança. É um tema que deve ser até mais abordado. Pra quem se interessar, Closer é um filme que também trata com maestria e muito menos singelamente do assunto.

A insegurança é uma das coisas que atrasa o ser humano, ainda que o salve de bons problemas em algumas vezes. E existem vários tipos de insegurança e a insegurança amorosa é o pior de todos.

Se você está a fim de alguém (e sim, isso costuma vir bem antes de você amar a pessoa), isso não pressupõe necessariamente a esperança de estar junto com a pessoa, conquistá-la. Você pode conviver perfeitamente com uma perda neste caso. Mas quando surge um sentimento mais forte, é EVIDENTE que você tem que ter o mínimo de segurança no seu taco para não se sentir inseguro frente a facetas da sua personalidade, do seu físico ou da psique ou do corpo alheio, afinal, amar pressupõe um desejo bem forte de conquistar ou manter-se ao lado da pessoa passiva no caso, não?

Assim, você cai no velho ditado: primeiro ame a si mesmo, para depois amar aos outros. A insegurança, como bem mostrada no filme, é uma coisa destrutiva e devemos domá-la razoavelmente bem para termos quem amamos ao nosso lado e assim, facilitar a busca pela felicidade.